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Guia básico de Raku

A palavra RAKU tem vários significados, como prazer, paz, sossego, moderação, leveza...

Ela vem de um ideograma gravado num selo de ouro de 1519 que foi o presente dado por Taika (mestre de cerimônia do chá) a Chojiro, filho de Ameya, coreano estabelecido em Kyoto em 1525, que foi o primeiro a trabalhar com este tipo de queima. Estimulado por Sen-no Rikyu (célebre mestre do chá), Chojiro desenvolveu uma cerâmica de baixa temperatura com corpo delicado, basicamente para utensílios usados na cerimônia do chá, na forma de tigelas, geralmente irregulares. Estas modestas tigelas, não decoradas e feitas com material simples, adquiriram com o passar dos anos, o status de obras-primas no Japão.

A cerâmica de Chojiro tinha 3 cores. O Kuro-Raku (Raku preto), o Aka-Raku (Raku vermelho) e o Shiro-Raku (Raku branco).

Com a morte de Chojiro em 1592, seus descendentes continuaram a desenvolver sua obra e a família foi denominada “família RAKU”.

Vaso de Cecilia Akemi

Vaso de Cecilia Akemi

Bernard Leach (inglês) e Paul Soldner (americano) foram os introdutores dessa técnica no Ocidente, em 1950.

Bernard Leach tomou conhecimento dessa técnica, ao ser convidado para uma festa ao ar livre, na casa de um amigo pintor em Tóquio. Vinte e cinco pessoas faziam parte desse grupo, que reunia pintores, atores, escultores, que reunidos num cômodo grande, foram convidados a decorar peças de cerâmica com esmaltes espalhados em vasilhas. Depois de se debater com pinturas inabituais feitas com longos e estranhos pincéis, suas peças foram esmaltadas e colocadas num forno a lenha e depois de algum tempo recebe sua peça já queimada e fica maravilhado com o resultado.

Largamente difundida no Ocidente, esta técnica ganha sempre novos adeptos, seduzidos pelo resultado da queima. Ela é geralmente utilizada em peças de formas arrogantes, não funcionais e cores extravagantes.

A técnica

Ao barro deve ser adicionado chamote que o deixa mais poroso, pois deverá resistir ao choque térmico, provocado na hora da retirada do forno. Não se deve biscoitar numa temperatura muito alta, pois o corpo pode ficar muito denso e não agüentar o choque. O corpo tem que estar poroso (chamote média-grossa é a melhor).

O engobe pode ser usado normalmente sob o esmalte transparente.

Depois de modelada, seca e biscoitada, a peça está pronta para ser esmaltada.

As peças são esmaltadas nos processos habituais: por imersão, banho, pulverizadas ou pinceladas.

Redução = Sem oxigênio (Atmosfera Redutora)

Oxidação = Com Oxigênio (Atmosfera Oxidante)

A redução do esmalte é provocada desde o início da queima, usando forno a gás ou a lenha, que consomem o oxigênio da atmosfera do forno. Pode-se aumentar a redução diminuindo-se a abertura da chaminé (entrada de oxigênio), quando o esmalte chega à temperatura de fusão, conservando-a por uns 5 minutos.

Os efeitos redutores são acentuados no Raku, colocando a peça incandescente num latão com tampa, cheio de serragem, palha, folhas secas ou jornais. Abafando, o material orgânico que envolve a peça provoca gás carbônico que afeta o corpo e o esmalte da peça. A fumaça penetra nos poros do corpo tornando-o totalmente preto. Linhas craqueladas do esmalte se sobressaem por causa da penetração da fumaça. O que a fumaça do Raku provoca na superfície da peça, dificilmente se consegue através de outras maneiras.

O resfriamento da peça é feito colocando-a muito cuidadosamente em um recipiente com água, para se manter as cores obtidas na redução. O oxigênio do ar pode interferir na cor do esmalte ainda quente (mole).

A redução proporciona o vermelho acobreado (Aka-Raku - efeito extremamente apreciado nas queimas de Raku), em esmaltes com óxido de cobre, e o verde, nos esmaltes com óxido de ferro.

Os efeitos da semi-oxidação (ou semi-redução) provocam manchas no esmalte, tornando a peça bastante atraente.

Vaso de Cecilia Akemi

Vaso de Cecilia Akemi

Esquema de tempo da queima

(Forno à temperatura ambiente)

- 15 minutos - fogo fraco;

- 30 a 50 minutos - fogo forte;

- 15 minutos (variável) - fogo fortíssimo = forno a 1050º C

- 5 minutos com a chaminé meio tampada (opcional);

- retirada das peças do forno;

- 5 minutos no latão com serragem (variável);

- retirada das peças da serragem;

- colocação na água (opcional).

Esmaltes para 1050º C

Base transparente:

75 MF 096

25 feldspato

5 micropax

Base opaca (branca): base transparente + 2% óxido de estanho (Sn)

A esta base branca, pode-se adicionar os seguintes óxidos minerais, proporcionando diversas cores:

Ferro (Fe) 1,5% a 12% verde/marrom (redução/oxidação)

Manganês (Mn) 0,8% a 1,5% marrom

Cromo (Cr) 2% verde puro

Cobalto (Co) 0,5% azul

Cobre (Cu) 2% a 4% vermelho/verde (redução/oxidação)

A partir dessas bases e óxidos minerais, é possível uma larga pesquisa, alterando as porcentagens dos óxidos (inclusive o de estanho) ou misturando dois ou mais deles. A cor preta é obtida através da concentração dos óxidos.

Os esmaltes comerciais para 960º C podem ser usados normalmente.

Bibliografia

Sanders, Herbert H. - La Ceramique Japonaise, Paris: Office du Livre, 1968.

Gabbai, Mirian (Org.) - Cerâmica: Arte da terra, São Paulo: Editora Callis Ltda., 1987.

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